A pouco mais de seis meses para a data do arranque oficial da TDT em Portugal, instalou-se o silêncio! Silêncio das autoridades (governo e Anacom) e silêncio do concorrente vencedor dos concursos da TDT (PTelecom).
Repito, a seis meses da data anunciada para o arranque oficial das emissões (Abril de 2009) não foram ainda tornadas públicas as opções tecnológicas adoptadas. E como também nunca foi divulgado o conteúdo da oferta vencedora (nem da perdedora), no referente às opções tecnológicas a adoptar, também não é possível ao comércio, indústria e público em geral, o acesso a essa informação essencial.
Na ausência de informação oficial, cresce a especulação, instala-se a dúvida e a descrença. Ou seja, começámos mal e continuamos mal!
Se não são conhecidos os requisitos técnicos dos aparelhos (Tv’s e STB), como é que os fabricantes e comerciantes sabem que modelos devem produzir e comercializar em Portugal?
Mais uma vez, não sabemos adoptar as boas práticas de outros países, que têm gerido muito melhor o processo de transição da televisão analógica à digital. Veja-se o exemplo da Irlanda. O inicio oficial da TDT na Irlanda è Outubro de 2009. Pois bem, as autoridades Irlandesas já têm publicado desde Fevereiro de 2008 os requisitos técnicos dos aparelhos necessários para receber a TDT. Em absoluto contraste, a TDT portuguesa, que é suposto arrancar em Abril de 2009, e essa mesma informação contínua sem sair a público.
É fundamental saber qual a norma utilizada na compressão do sinal. O caderno de encargos favorecia o MPEG4, mas qual será adoptado? O MPEG4, o MPEG2 ou ambos? No inicio de Abril deste ano, e mesmo antes de ser conhecido o resultado dos concursos, um porta voz da RTP dizia que os canais pagos iriam utilizar o MPEG4. Ou seja, por omissão, poderia deduzir-se que a norma de compressão a utilizar nos canais gratuitos (MUX A) seria o MPEG2.
Agora, há quem afirme que os canais gratuitos também irão utilizar compressão MPEG4. E também se especula que a TDT portuguesa irá adoptar o novíssimo DVB-T2 em vez do DVB-T. O DVB-T2 é ainda, e apenas, utilizado em emissões experimentais e ainda não existem sequer receptores DVB-T2 à venda.
Se o MPEG4 for adoptado para todos os MUX’s qual a consequência? Apenas e só que em 99,99% dos televisores com TDT integrada ela simplesmente não funcionará! Ou seja, se se confirmar que todos os MUX’s irão utilizar o MPEG4 será necessário comprar um receptor externo ou um transcodificador MPEG4/MPEG2 porque quase todos os televisores já vendidos e à venda em Portugal são apenas MPEG2!
Mais, os receptores compatíveis com MPEG4 são ainda muito recentes e significativamente mais caros que os comuns receptores MPEG2. Ora, não estou a ver a PT a subsidiar receptores MPEG4 só para receber canais livres. Economicamente, apenas fará sentido, oferecer o receptor a um preço reduzido a quem subscrever os canais a pagar, como aliás já acontece com o serviço MEO satélite cujo receptor custa 79€.
Ou seja, quem quiser a TDT apenas para ver os canais gratuitos, arrisca-se a ter que gastar uma importância elevada no receptor. Neste caso o custo da TDT acabará por ser idêntico ao do satélite ficando a perder na oferta de canais.
Mas como está previsto que os canais a pagar arranquem só em Outubro de 2009, é razoável deduzir que não haverá receptor oficial antes dessa data. E também não é de excluir a possibilidade do arranque oficial ser adiado para a mesma data.
É minha convicção que caso o MPEG4 seja adoptado para todos os MUX’s, o objectivo da massificação da TDT estará comprometido, pelo menos a médio prazo.
Utilizando a solução DVB-T MPEG2 é perfeitamente possível transmitir no MUX A, 5 canais em definição SD (720x576), inclusivamente em 16:9, com muito boa qualidade de imagem e som. A alta definição em TDT por questões de economia de espectro poderá aguardar pelo MPEG4 em DVB-T ou DVB-T2.
Actualização:
Segundo informação recebida todos os MUX's da TDT vão utilizar o MPEG4 (vêr noticia de 29/10).